Dirigentes sindicais foram informados pelo banco na reunião de teletrabalho do dia  24/11, que medidas restritivas serão retomadas para evitar aglomerações no interior das agências com a comprovação de nova onda de Covid-19 no Estado e no país

Imagine que a universidade britânica Imperial College divulgou um relatório, na última terça-feira, 24/11, com alerta de aceleração da pandemia da Covid-19 no Brasil. O índice que mede o ritmo da transmissão da doença passou de 1,1, no dia 16 de novembro, para 1,3 nesta semana.

Traduzindo: se, há oito dias, cada grupo de 100 pessoas transmitia o novo coronavírus para 110 pessoas, agora, no Brasil, voltamos ao patamar do mês de maio. Cada 100 pessoas transmitem a Covid-19 para 130 pessoas.

A taxa de transmissão no Brasil variou de 0,86 a 1,45 desde que a pandemia começou em fevereiro. Quando fica abaixo de 1, significa que o avanço da doença está em desaceleração. Mas, quando está acima, a transmissão está acelerada. Há duas semanas, o valor estava em 0,68, o menor desde abril.

Agora, cortemos para o dia 3 de novembro. Se olharmos esses dois momentos de ritmo de transmissão da doença e pensarmos em 14 dias menos, os colegas do Banrisul entenderão por que os dirigentes que compõem o Grupo de Trabalho Temático do Comando Nacional dos Banrisulenses na mesa de negociação permanente com representantes do Banrisul saíram tão indignados daquela reunião 21 dias atrás.

Foi naquela fatídica terça-feira, 3/11, que o Banrisul anunciou a flexibilização do atendimento presencial, uma forma híbrida para atender mais gente e aumentar a chance de fazer negócio, condenada pelos dirigentes sindicais por ser uma aposta contra a vida dos Banrisulenses, de suas famílias e dos clientes (LEIA AQUI).

Os dirigentes fizeram apelos, pediram que o Banrisul mantivesse atenção aos protocolos. Que continuasse a ser exemplo.

Os dirigentes também disseram que havia estudos que apontavam para uma retomada do crescimento do volume de casos de Covid-19. Que as bandeiras do distanciamento científico do governo do estado apontavam para uma situação crítica. Os dirigentes também alertaram para uma segunda onda de infecções que começou exatamente nesta terça-feira, 24/11, e que foi detectada pelo relatório do Imperial College.

A atitude mais correta na direção de uma cultura preventiva voltou a fazer parte do dia a dia do Banrisul 21 dias depois. O banco anunciou, ao final da reunião sobre teletrabalho, nesta terça-feira, 24/11, a revisão da decisão de liberar o atendimento e que vai fortalecer os protocolos sanitários e de prevenção.

Não por caso, como os dirigentes avisaram, o Brasil estava às portas de uma segunda onda, e a imagem do Banrisul poderia ser corroída como um banco que ajudou a piorar os índices. De agora em diante, o banco anunciou que todos os gestores serão estimulados a manter a rigidez na manutenção dos protocolos sanitários.

E o atendimento voltará a ser realizado dentro da agência somente naquele número de clientes que for igual ao número de Banrisulenses disponível para atender presencialmente naquele momento. Os Testes para detectar colegas com Covid-19 continuarão sendo aplicados, assim como ocorrerá o fechamento de agências sanitizadas e os revezamentos de equipes.

O Banrisul não fez isso de graça. Teve muita pressão do movimento sindical, de colegas de todo o Estado, até a revisão da liberação geral, alegadamente motivada pelo fraco resultado financeiro do banco, diante de uma crise econômica sem precedentes.

Notificação por responsabilidade

Há exatos 14 dias, na reunião da terça-feira, 10/11, os dirigentes sindicais apresentaram uma notificação aos representantes do banco. Esta notificação alertava para a responsabilidade jurídica de quem não só apoiasse a flexibilização do combate à infecção, mas também daqueles que se omitissem diante das cores de bandeiras vermelhas, da lotação de leitos de UTI e do crescimento de casos dentro do próprio Banrisul e estimulassem o atendimento dentro das agências lotadas (LEIA AQUI).

Em uma única agência do interior do Estado, sete colegas haviam testado positivo para Covid-19 nas últimas duas semanas. Na semana de agora, notícias desta mesma agência dão conta de que outros três colegas testaram positivo, chegando a 10 infectados. O cenário de perigo à vida não podia estar mais nítido.

“Estamos chegando no verão aqui no Rio Grande do Sul e a tendência é o pessoal sentir muito calor e não usar máscaras. Por isso, é importante que o Banrisul volte a dar o exemplo. Estamos num período muito complicado. Está calor. É preciso reforçar a aplicação dos protocolos de saúde e higienização para os gestores. Não se pode tirar a máscara para nada”, alertou o diretor da Fetrafi-RS, Sergio Hoff.

A diretora da Fetrafi-RS, Ana Maria Betim Furquim, voltou a lembrar da importância da comunicação permanente com os gestores. “Fomos conversar com os colegas de uma agência que teve um caso com Covid-19. Eles disseram que não estavam preocupados porque o colega esteve visitando a agência, mesmo doente, por apenas 15 minutos. Ora, ainda há muita falta de informação. As pessoas têm que saber que todo mundo tem que fazer o teste quando teve contato com colega infectado sem importar o tempo de exposição”, explicou Ana Betim.

O presidente Sintrafi-SC, Sindicato de Florianópolis e Região Cleberson Pacheco Eichholz, apontou como fator que amplia o risco diante da Covid-19 a incapacidade do governo federal de combater a crise de saúde, o que obriga cada indivíduo assumir o controle sobre seus riscos. “Compete a nós, dirigentes sindicais, cobrar dos bancos responsabilidade com a vida de seus empregados, clientes e usuários. Não podemos permitir que se ponha em risco grave a vida de milhares de pessoas, sob a alegação de prejuízos de ordem meramente econômicos. O impacto financeiro poderá ser recuperado vidas perdidas não”, pontuou Cleberson.

Dirigentes que participaram da reunião desta terça-feira, 24/11: Fábio Alves (Fetrafi-RS), Mariluz Carvalho (SEEB Santa Cruz do Sul) e o assessor jurídico da Fetrafi-RS, o advogado Milton Fagundes.

Como representantes da diretoria do Banrisul participaram Fernando Perez (negociador), Gaspar Saikoski (Superintendente de RH) e Raí Mello (assessor jurídico do Banrisul).

História da retomada dos protocolos de saúde no Banrisul

Terça-feira, 3/11: Banco anuncia que vai flexibilizar atendimento e ouve de dirigentes que se trata de uma aposta com a vida das pessoas e uma irresponsabilidade.

Terça-feira, 10/11: Na reunião temática, integrantes do Comando Nacional dos Banrisulenses entregam notificação para a diretoria do banco alertando para a responsabilidade civil e criminal de quem não aplicar protocolos sanitários e de saúde nas agências do Banrisul.

Terça-feira, 24/11: Ao final da reunião sobre teletrabalho, representantes da diretoria anunciam que o banco decidiu retomar a política anterior de restrição de atendimento presencial e de aplicação de protocolos sanitários e de saúde.

Crédito imagem: Freepik

Fonte: Imprensa SindBancários

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