Em reunião sobre pandemia, na quinta, 17/6, representantes da diretoria do banco anunciaram que não vão fornecer máscaras PFF2 e que não orientaram retorno de colegas já vacinados que estão em home office e pertencem ao grupo de risco
Se tem algo cristalino que se pode tirar da reunião entre o Grupo de Trabalho de Covid-19 do Comando Nacional dos Banrisulenses da quinta-feira, 18/6, é uma comparação decisiva sobre quem está interessado em cuidar da saúde dos colegas do Banrisul e quem não está. E esta conclusão clara e direta pode ser constatada por um dos “nãos” mais repetidos pelos representantes do banco.
Sim, a máscara PFF2, aquela capaz de proteger com maior eficácia os colegas que estão no front da luta por manter o Banrisul forte no trabalho presencial não será comprada pelo banco. Mas, de novo, não quer dizer que não será comprada. Tudo depende. É sim e não.
Outro não e sim: o banco não está orientando gestores a chamarem colegas do grupo de risco que estão em home-office e que já foram vacinados. Mas sim eles estão sendo pressionados a retornar ao trabalho presencial.
O fornecimento de máscaras depende de avaliação técnica. O banco diz que a consultoria já firmada com o Hospital Moinhos de Vento vai apontar o melhor tipo de proteção.
Os dirigentes fizeram pressão na reunião. Dirigentes sindicais da Fetrafi-RS, do SindBancários e de Sindicatos do Interior foram para cima. Querem que o banco resolva logo a questão das máscaras e forneça esses tipos de equipamentos para os Banrisulenses trabalharem de forma segura.
Porque até uma pesquisa encomendada pelo Sintrafi-SC, o Sindicato de Florianópolis, até vídeos no youtube e especialistas falam que tem uma cepa complicadíssima vinda da Índia, que a vacinação está atrasada e que alertam de que o cuidado com a saúde e a vida deve ser ainda maior, mesmo com o avanço da vacinação.
Pois bem, a pesquisa apresentada pelo presidente do Sintrafi-SC, Cleberson Pacheco Eichholz, é tão simples quanto devastadora. De uma amostra de 626 bancários da base do Sindicato de Florianópolis e Região, de Santa Catarina, 229 relataram ter adoecido de Covid-19.
A pesquisa aponta que 36,6% dos bancários da amostra tiveram Covid-19, índice que é 4,5 vezes maior do que o da população brasileira, que não chega a 9%, sendo que no Banrisul o percentual de contaminados ficou um pouco acima da média na base do Sindicato.
Cleberson fez ressalvas. Isso se deve também ao fato de o Banrisul, entre todos os bancos, ter adotado protocolos mais firmes, como testar todos de uma determinada agência ante algum caso comprovado. E isso é mérito e construção conjunta com o movimento sindical.
“Enquanto não conseguimos atingir o objetivo principal que é a vacinação de todos os bancários e de toda a população, temos que ter medidas preventivas mais efetivas. Junto a essa pesquisa, pegamos o contato telefônico dos bancários. Vamos perguntar de novo para acompanhar os efeitos das políticas preventivas”, explicou Cleberson.
Além disso, o dirigente citou que diversas pesquisas apontam os locais de trabalho dos bancários, quer dizer, as agências, como o terceiro de maior risco de contaminação por coronavírus, perdendo apenas para o transporte público e para os hospitais.
“É importante sim uma máscara PFF2. Sugerimos as máscaras de pano no início da pandemia porque havia escassez no mercado e precisávamos de máscaras para proteger os profissionais de saúde. Hoje as empresas têm condições de entregar as máscaras. Apelo para fazer o esforço. Se esse esforço todo que foi feito é capaz de salvar uma vida já valeu”, sublinhou Cleberson.
A diretora da Fetrafi-RS, Denise Falkenberg Corrêa, renovou o apelo que tem feito nas reuniões com os representantes da diretoria do Banrisul por maior cuidado com os colegas. “Reivindicamos de novo as máscaras. Isso é científico. Está aprovado. Falamos das novas cepas e mais a reivindicação que não chamem nossos colegas de volta ao trabalho e a busca por vacinação. Saímos frustrados da reunião. Tudo que colocamos na nossa pauta como prioridade que eram as máscaras não veio”, lamentou.
Entenda-se o contexto a partir de uma recente tragédia com um dirigente sindical de história de luta e muito querido por todos no Banrisul. A morte do presidente da Federação dos Bancários de Santa Catarina, Jacir Antônio Zimmer, rendeu homenagem com um minuto de silêncio na reunião. A morte de Jacir, assim como da diretora do SindBancários, Virginia Faria, são tragédias que poderiam ser evitadas.
A homenagem foi comovente e devia servir para que os bancos (todos eles) se sensibilizassem a fazer a sua. Ainda mais no dia em que os bancários foram incluídos no Plano Nacional de Imunização (PNI), Projeto de Lei 1011/2020, na Câmara de Deputados, como categoria prioritária a receber vacinação contra Covid-19.
Dirigentes cobram “pressão” por retorno de quem está vacinado
Denúncias de pressão para cumprimento de metas são recorrentes na pandemia e sempre mencionadas pelos dirigentes, diante das dificuldades de realizar negócios. A novidade agora é que chegaram denúncias de pressão para que colegas do grupo de risco que estão em home office retornem ao trabalho assim que receberem a segunda dose de alguma das vacinas.
O problema é que faltam vacinas e estamos na iminência da chegada de uma cepa perigosíssima, a Delta. Exatamente aquela que ceifou muitas vidas na Índia. E, diante do descaso dos governos federal, estadual e municipal com a cepa de Manaus, em março e abril passados, podemos mirar um futuro preocupante.
E, se contarmos a escassez e a lentidão da vacinação… Todo mundo sabe que a imunização com segunda dose de vacina precisa atingir mais de 70% da população para que tenhamos um cenário seguro de retorno à vida normal. E que, mesmo diante desses índices de imunização, as máscaras serão necessárias por algum tempo: medida de precaução e cuidado com a vida.
“Que o banco faça uma instrução dizendo que não tem orientação para pressionar ninguém a voltar. Estamos com uma variante Delta que exige muito cuidado. Para a imunidade coletiva, é necessário que 75% da população esteja vacinada. E tem que ter máscara. Pedimos que o banco faça uma instrução normativa e coloque na rede. Quem está convocando, pare de convocar”, sugeriu o diretor da Fetrafi-RS, Sergio Hoff.
O banco explicou que não há orientação para o retorno de colegas que estão em home office, que já se vacinaram e que sejam do grupo de risco. Segundo os representantes do banco, a orientação é que os protocolos sejam seguidos: apresentar atestado médico de comorbidade, mesmo após tomar a segunda dose de vacina. E, se não houver restrição médica, poderá ser reconvocado a voltar ao seu local de trabalho.
Para o presidente do SindBancários, Luciano Fetzner, “é absurdo pensarmos que depois de tanto tempo de cuidados com a vida que conseguimos negociar com o banco durante a pandemia, comecem agora a chamar para voltarem ao trabalho presencial colegas que estão a um, dois meses de receberem a vacina. Isso é inadmissível”.
“O banco está aqui para dizer que não quer desmanchar a mesa”
A diretora da Fetrafi-RS, Ana Maria Betim Furquim, resumiu o que foi a reunião e o motivo dela, uma vez que não havia ficado marcada nova data nem para a próxima nem para a desta quinta-feira, 17/6, chamada no dia mesmo em que a reunião aconteceu.
“O banco está aqui para dizer que não quer desmanchar a mesa. Não tem quase novidade. Quando veio a nova cepa P1, no Comando Nacional, pedimos para nos colocarem no calendário nacional de vacinas como profissionais essenciais. Junto disso, pedimos que a Fenaban procurasse junto a OMS a melhor máscara, que era a PFF2”, salientou.
Quanto à demora em responder e providenciar máscaras, ou melhor, à negativa do banco, Ana Betim acrescentou, referindo-se à reunião anterior: “O banco disse que ia levar para o Moinhos [Hospital Moinhos de Vento em Porto Alegre]. O Moinhos não analisou ainda? Quem sabe tem uma nova máscara ainda melhor para apresentar para nós?”, finalizou ela.
O assessor jurídico da Fetrafi-RS, o advogado Milton Fagundes, traçou o mapa da obrigação do fornecimento de equipamentos de proteção porque é parte de uma ferramenta de trabalho que o empregador tem obrigação de fornecer, como computador, cadeiras decentes, iluminação, conforme as Normas Regulamentadoras aplicáveis – NR 32 e a NR 15 do extinto Ministério do Trabalho.
“Não existe regulamentação sobre pandemia no Brasil. Essas são normas aplicáveis. Isso é uma obrigação do banco fornecer. Na verdade, o banco está se negando a fornecer equipamentos”, finalizou Milton.
Triste estado de coisas. Pode-se dizer que a diretoria do Banrisul joga com a sorte dos colegas ou prepara o Banrisul para a venda depois que a PEC 280/2019 foi vergonhosamente aprovada na Assembleia Legislativa. Nessas horas, um bordão do movimento sindical resume bem o estado da preservação da vida no Banrisul: os dirigentes estão lutando para salvar vidas, e o banco se esconde debaixo da mesa da Fenaban.
Respostas do banco
> O Banrisul firmou contrato com o Hospital Moinhos de Vento para consultoria sobre o tipo de máscara adequado para o contexto da pandemia do Rio Grande do Sul e para a proteção dos colegas.
> O Banrisul dá importância para a questão da Covid-19 e por isso quer manter as reuniões sobre o tema com dirigentes sindicais.
> Não há orientação para retorno de pessoal do grupo de risco afastado por precaução desde março do ano passado. Quem não e do grupo de risco, esteja vacinado, será liberado para trabalhar na sua respectiva unidade. Na rede de agência, entra no grupo de rodízio. Se a telemedicina disser que esse funcionário é do grupo de risco, ele vai permanecer afastado.
> O contrato com o Hospital Moinhos de Ventos ainda não foi assinado. Deve ser na próxima semana.
> Foram feitos levantamentos para que o banco cumpra todos os decretos municipais mais restritivos que a O Sistema 3As do governo do estado. banco tem cumprido e agido prontamente diante de lockdowns. Qualquer coisa que ocorra, o canal estará aberto.
Também participaram da reunião Ana Maria Silva (SEEB Lajeado) e Gerson Kunrath (SEEB Vale do Caí).
Representantes da diretoria do Banrisul: Gaspar Saikoski, Marco Antônio Oliveira, Raí Mello e Douglas Bernhard, Paulo Henrique Pinto da Silva e Humberto Schwertner.
Fonte: Imprensa SindBancários
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