Encontro aconteceu antes do anúncio do balanço de 2018 em São Paulo. Foi reivindicado fortalecimento do banco público, além de melhores condições de trabalho

Para defender uma Caixa pública, social e forte para todos, além de melhores condições de trabalho, representantes das entidades de empregados em São Paulo se reuniram nesta sexta-feira, 29, com o presidente do banco, Pedro Guimarães. O encontro foi rápido e ocorreu antes do anúncio oficial do balanço de 2018, feito em coletiva para a imprensa, na capital paulista.

Na reunião, que contou com a participação de Sérgio Takemoto, vice-presidente da Fenae, e de Dionísio Reis Siqueira, diretor da Região Sudeste da Federação e coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa), a Apcef e o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região cobraram do presidente esclarecimentos sobre a informação de que a Diretoria pretende passar parte dos ativos do banco ao mercado financeiro, como foi anunciado em seminário na Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, em 15 de março.

Outro questionamento foi sobre a retirada da Caixa do Conselho Curador do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), apesar de o banco ser o gestor do fundo. Diante dessas indagações, a resposta de Pedro Guimarães foi de que essa é uma decisão de governo, explicando que a Diretoria do banco vai tentar revertê-las. “É no mínimo uma contradição. O presidente diz que defende a Caixa pública e social, ao mesmo tempo que vai para os Estados Unidos com o propósito de vender ativos da instituição”, denuncia Takemoto.

Balanço da Caixa

O desmonte da Caixa denunciado pelo movimento sindical nos últimos anos ficou claro na divulgação do balanço de 2018, nesta sexta-feira, 29. O banco público registrou lucro líquido contábil de R$ 10,4 bilhões, que representa uma redução de 17,2% ou R$ 2 bilhões, em relação ao ano anterior. Um dos principais motivos foi o prejuízo de R$ 1,1 bilhão no 4º trimestre de 2018.

Os números, divulgados pela diretoria nesta sexta-feira (29), apresentam um encolhimento do banco nas seguintes carteiras: Certificados de Depósitos Bancários (CDB), com menos 5,68%; crédito pessoa física, com menos 1,39%; pessoa jurídica, com menos 2,27%; poupança, com menos 0,76%; e, também, nos depósitos à vista, com menos 1,86%.

“Os dados demonstram que a Caixa perdeu mercado para os bancos privados. Enquanto reduziu a oferta de crédito, a sua lucratividade foi impulsionada pelo aumento das receitas com tarifas e redução de despesas de pessoal, além da redução de despesas de PDD. Enquanto banco público, a Caixa deveria ampliar a sua oferta de crédito. Porém, o que vemos é o movimento contrário. Medidas da atual gestão que enfraquecem o banco em benefício do mercado privado”, afirmou o coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Dionísio Reis.

Prejuízo no 4º Trimestre

A perda nos três últimos meses foi provocada pelo provisionamento adicional de R$ 3,3 bilhões. Desse total, R$ 2,2 bilhões referentes a ajustes na contabilização dos “Bens não de uso próprio” – BNDU, sendo a maioria formada por imóveis de compradores inadimplentes retomados pelo banco.

Menos empregados

A redução nas despesas com pessoal reflete a redução do quadro de empregados, com o fechamento de 2.702 postos de trabalho em 2018. No período, a Caixa fechou 19 agências e 9 postos de atendimento bancário.

Em 2018, foram gastos R$ 383 milhões com programas de demissões voluntárias. O quadro de funcionários é o menor número desde 2014, quando trabalhavam na Caixa 101 mil pessoas. Hoje são 84 mil. O resultado operacional, porém, cresceu 16,4% se comparado ao ano de 2017.

“Isso significa que o banco reduziu seus custos com RH. Mesmo assim, o resultado operacional cresceu; ou seja, os funcionários cumpriram as metas”, apontou Sérgio Takemoto, secretário de Finanças da Contraf-CUT.

O lucro líquido recorrente – que desconsidera o que a Caixa denomina como “eventos extraordinários” – foi de R$ 12,6 bilhões, 40% superior ao de 2017, que foi de R$ 9,038 bilhões. Já as receitas de tarifas e prestação de serviços atingiram R$ 26,8 bilhões, alta de 7,2%. Por outro lado, as despesas de pessoal apresentaram queda de 3,6% em relação a 2017. Com isso, as receitas com tarifas e prestação de serviços passam a cobrir 116% do total de despesas de pessoal, incluindo a PLR.

PLR

Por força da Convenção Coletiva de Trabalho, a Caixa depositou a PLR na sexta-feira 29. Confira projeção dos valores a serem pagos, estimando uma divisão entre os 85 mil empregados e considerando o desconto do adiantamento de setembro.

Fonte: FENAE e Contraf-CUT

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