Mais de 320 bancários(as) do Banrisul participaram na noite de quarta-feira, 15, de plenária virtual pelo Zoom que debateu, entre outros assuntos, o futuro do banco. O descontentamento dos funcionários em todas as áreas, o fracasso do banco nos seus resultados e a falta de transparência no novo Plano de Cargos, Funções e Salários (PCFSs) fizeram com que os banrisulenses aprovassem um documento exigindo mudanças urgentes da gestão do Banrisul e a saída do presidente Cláudio Coutinho. A deliberação ocorreu com enquete durante a plenária. Mais de 90% dos presentes aderiram ao documento que será redigido nos próximos dias.
O presidente do SindBancários de Porto Alegre e Região, Luciano Fetzner, afirmou que a lógica da gestão do banco precisa ser revista imediatamente. Ele lembra que a atual política só produziu o encolhimento do Banrisul, perdendo valor ano após ano durante o governo Eduardo Leite (PSDB). “A atual gestão não dialoga com o caráter público do banco. Nós queremos um Banrisul forte e que cumpra o seu papel social. Pra isso, é preciso mudar de rumo”, destaca. Para o diretor da Fetrafi RS, Sergio Hoff, a gestão Coutinho segue o projeto privatista, que tenta “deixar o banco pronto para uma futura venda”. Ele lembra que, uma vez que o governador declarou no segundo turno das eleições de 2022 que não iria vender o Banrisul, a troca no comando é necessária para fazer alinhamento ao discurso do então candidato. “Nossos colegas precisam entender que estamos enfrentando um longo período de resistência para a manutenção do Banrisul público. A ameaça de privatização do banco é real. A defesa do Banrisul Público deve seguir sendo nosso ponto principal de luta”, avalia.
PCFSs: falta de diálogo, regras desconhecidas e MPT de olho
Outro ponto debatido na plenária dos Banrisulenses foi o novo plano de cargos, funções e salários (PCFSs) proposto pelo banco, sem nenhuma discussão com o movimento sindical. Segundo relatos de colegas, o Banrisul está induzindo os(as) funcionários(as) a migrarem para o novo plano. No entanto, o PCFSs apresenta incertezas que ainda não foram esclarecidas. A novidade apresentada pelo Banrisul foi alvo inclusive de ação do Ministério Público do Trabalho (MPT) que recentemente procurou o SindBancários de Porto Alegre para entender a concepção deste plano de cargos, funções e salários.
O diretor da Fetrafi-RS, Sérgio Hoff, diz que a construção deste plano foi feita de forma atabalhoada pelo banco e sem nenhum respeito aos(as) trabalhadores(as). “Nós estamos enxergando ilegalidades nesse processo. Queremos dialogar. Precisamos ter um mínimo de interlocução com o Banrisul para entender esse plano. A gente manda ofício, cobra e só tem o silêncio como resposta. Esse é o nosso nível de interlocução com o banco neste momento”, lamenta.
A diretora da Fetrafi-RS, Raquel Gil, reforça a convicção do Comando dos Banrisulenses para que os colegas não migrem para outro plano antes de ser apresentada de forma nítida quais são as novas regras. “Nós precisamos ter uma palavra oficial do banco, que não pode sonegar essas informações. Indicamos que os colegas não assinem a migração. Só assim poderemos fazer uma defesa e garantir direitos,” enfatizou.
Indefinição gera incertezas sobre o futuro do Banrisul
A plenária dos(as) Banrisulenses debateu ainda sobre a Proposta de Participação nos Resultados (PPR). O ACT PPR precisa ser renovado esse ano, mas segue com pontos em aberto para serem tratados numa eventual mesa de negociação. Entre eles estão: a revisão de metas para obter o benefício e a situação dos Operadores de Negócios, que foram os mais impactados com as mudanças relacionadas à participação nos resultados e lucros do banco. A destruição de conquistas do Regulamento de Pessoal, de forma unilateral, e o comissionamento dos trabalhadores também foram pautas da plenária.
“A indefinição sobre o futuro do Banrisul não pode influenciar no andamento do banco. O Banrisul precisa conversar com a representação dos(as) trabalhadores(as). As perguntas não podem ficar sem respostas. As decisões não podem ser tomadas de maneira unilateral. Isso deixa os colegas apreensivos e inseguros. Por todo esse cenário, entendemos que a gestão do banco precisa ser revista. O Banrisul precisa apresentar novos rumos e uma nova diretoria”, avalia Raquel Gil.
O modelo de gestão do banco adotado no governo Eduardo Leite tem como lógica fazer os ajustes necessários para privatizar o banco. Além do PCFSs, o diretor da Fetrafi-RS, Fábio Alves, lembrou que outra sinalização desse processo foi a retirada do patrocínio do banco para novas adesões aos planos da Fundação Banrisul e o fim da aposentadoria vitalícia, o que vai prejudicar os novos colegas que ingressarem. “Nosso papel é fazer uma boa relatoria para conseguir ter um documento substancial para apresentar às instituições, como MPT. Temos que relatar tudo que está acontecendo no banco. Tudo tem que ser refeito para acabar com essa lógica privatista”, afirma.
Fetrafi-RS organiza atividade de formação sobre a Fundação Banrisul
Durante a plenária, a diretora da Fetrafi-RS na área de formação, Ana Betim Furquim, convidou os Banrisulenses para uma atividade sobre a Fundação Banrisul, que será organizada pela Federação no dia 23 de março, das 9h às 17h. A programação conta com palestra do Dr. Ricardo Só de Castro (advogado especialista em previdência complementar). “O evento é voltado para delegados do Banrisul e para dirigentes sindicais, mas também é uma grande oportunidade para quem busca conhecimento sobre os modelos de previdência complementar de cada banco. Convidamos os colegas para participar desta atividade”, sinaliza. O curso vai abordar os seguintes temas: as leis aplicadas na previdência complementar; os órgãos de regulação e fiscalização; a governança da Fundação Banrisul; as modalidades dos planos de benefícios da Fundação Banrisul; e os déficits e superávits dos planos de benefícios.
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