No dia 28 de agosto de 1951, os bancários decidiram cruzar os braços para reivindicar um reajuste salarial de 40%. Os bancos queriam dar apenas 20%
Os índices oficiais do governo na época apontavam um aumento de 15,4% no custo de vida. Os bancários refizeram os cálculos e o próprio governo teve que rever seus índices, que saltou para impressionantes 30,7%. Depois de 69 dias de paralisação, os bancários conquistaram 31% de reajuste. Foi a maior greve da história da categoria. O dia 28 de agosto passou a ser considerado como o Dia do Bancário.
Deflagrando uma greve proibida
Nos anos 50, os bancários já estavam minimamente organizados nacionalmente e fizeram, em julho, uma Convenção Nacional no Distrito Federal (na época Município do Rio de Janeiro), em que definiram a reivindicação de reajuste de 40%. Partiu do Sindicato do DF a iniciativa de levar as negociações para a Justiça. Os banqueiros ofereceram 20% de aumento, o que foi rejeitado em assembleia pela categoria.
Vendo o movimento enfraquecer, os bancários de São Paulo decidiram ignorar a Lei e deflagraram a paralisação no dia 28 de agosto. Nos primeiros dias, governo e banqueiros ameaçaram enquadrar os bancários na Lei de Segurança Nacional, mas nada fizeram. Assim, trabalhadores de outras capitais foram aderindo a paralisação, como Belo Horizonte, no dia 31, Vitória no dia 5 e Espírito Santo, no dia 7.
A greve acabou sendo fortemente reprimida em todo o Brasil e tanto os banqueiros quanto o governo ajuizaram o dissídio, já que os bancários se recusavam a seguir a Lei de Greve. Com promessas de não perseguição e não demissão, porém sem garantias, os trabalhadores dos bancos pelo Brasil foram aceitando a proposta de 20%. Porém, as promessas não foram cumpridas e ocorreram diversas demissões.
Com isso, somente os bancários de São Paulo se mantiveram paralisados. Em 5 de novembro, a Justiça decretou o fim da paralisação com um reajuste de 31%.
Muito além do reajuste
Mas, além do reajuste, a greve de 1951 também fez surgir sindicatos de bancários em vários pontos do país. Assim, também é indiscutível a importância da greve para a organização da luta da categoria, que de lá para cá obteve muitas outras conquistas. “Nossa categoria é a única do país com uma Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) nacional. Nossas negociações são realizadas em mesa única, com bancos públicos e privados e nossas conquistas são válidas para bancários de todo território nacional”, ressaltou a presidenta da Contraf-CUT.
Outro mérito da greve de 1951, foi a contestação dos dados oficiais do governo. A partir daí, surgiram as bases para a criação do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O Dieese nasceu com o objetivo de municiar os trabalhadores com dados estatísticos confiáveis.
Fonte: Contraf-CUT com informações do Sindibancários
Deixe uma resposta
Want to join the discussion?Feel free to contribute!