Dirigentes sindicais alertaram banco para responsabilidade com a vida e a saúde dos(as) Banrisulenses assim como daqueles coabitantes de parentes com comorbidades e cobraram protocolos de saúde e exames médicos diante da pressão para retorno ao presencial
A direção do Banrisul deveria ter alguma sensibilidade e alguma noção de defesa da vida. Mas, na reunião entre o Comando Nacional dos Banrisulenses, da terça-feira, 28/9, para tratar do retorno ao trabalho presencial, o banco praticamente assinou uma sentença. Ao manter e insistir no retorno de colegas do grupo de risco ao regime presencial de trabalho, o banco joga com as vidas. Os dirigentes sindicais alertaram para a responsabilidade de quem não quer fazer como bancos públicos e privados que mantiveram colegas do grupo de risco no home office neste momento perigoso da pandemia.
Os representantes do banco na mesa não atenderam um apelo e uma cobrança dos dirigentes: de, ao menos, dar mais tempo aos colegas do grupo de risco para que consultem médicos, façam exames e mostrem laudos que comprovem pertencerem ao grupo de risco e estarem com as vidas e a saúde em risco. O banco propôs uma nova rodada de reunião na quinta-feira, 30/9.
O Comando Nacional dos Banrisulenses se reúne na tarde da quarta-feira, 29/9. Há um consenso entre os integrantes do Comando que participaram da reunião de que a atual diretoria do Banrisul já decidiu que os colegas do grupo de risco devem voltar ao presencial e que está intransigente quanto às propostas dos representantes dos Banrisulenses. E a narrativa da diretoria é de que o retorno dos colegas em maior risco obedecerá a orientações do Hospital Moinhos de Vento, contratado como consultor técnico, e o respeito a protocolos de sanitização.
Os integrantes do Comando alertaram para a recorrência de casos de colegas com problemas pulmonares, com sequelas graves, como surdez, problemas de memória e dificuldades físicas por conta da Covid-19. E ainda há aqueles colegas que residem com parentes que apresentam algum tipo de comorbidade, como doenças imunossupressoras, câncer ou outras moléstias que exigem tratamento periódico.
O banco respondeu que eles poderão “levantar a mão” e pedir ajuda. Ponderou que irá aplicar as orientações do Hospital Moinhos de Vento e deu a entender que os colegas do grupo de risco já terão que voltar a partir de 4 de outubro próximo. Só depois de se apresentarem em seus locais de trabalho é que poderão acionar o RH do banco para fazer exame periódico.
Os dirigentes insistiram em buscar soluções protetivas no debate. Uma delas é que o banco não chame os colegas do grupo de risco nesta hora em que a pandemia ainda está muito perigosa.
E o “nesta hora” é muitíssimo importante aqui. Isso porque, argumentaram os dirigentes, ainda há insegurança estrutural no que diz respeito ao volume de casos de Covid-19 que ocorre no Brasil. Quer dizer, a pandemia ainda não passou, e o volume de vacinados com a segunda dose de vacinas entre a população brasileira chega a cerca de 40%.
Portanto, dizem os dirigentes, ainda não é seguro voltar, uma vez que autoridades sanitárias, médicos e cientistas dizem que a vacinação com segunda dose de 70% da população brasileira traria um ambiente mais seguro. Isso que não estamos contando a provável ocorrência de variantes do novo coronavírus, como a delta, o que poderia elevar para 80% a necessidade de imunização para uma segurança mais consolidada.
Essa perspectiva ficou ainda mais evidente quando um dos negociadores apresentou o resultado de uma pesquisa interna realizada pelo banco para obter dados de nível de vacinação. Segundo os dados da pesquisa, dos cerca de 7 mil respondentes do banco, 97% dizem já ter tomado a primeira dose de vacina e 50% estão com a vacinação completa.
O problema, argumentaram os integrantes do Comando Nacional, é que o Banrisul, somando vigias e estagiários, chega a 12 mil funcionários. Nesse caso, ainda faltaria um bom volume de vacinados com dose dupla para chegar a 70% dos colegas imunizados. Quer dizer, ainda falta muito para uma segurança mais estável dentro e fora das agências do Banrisul.
O fato é que os dirigentes, representantes dos Banrisulenses, estão tentando mostrar ao banco que, além da saúde dos colegas, está em risco a imagem do Banrisul. Se o Banrisul, no início da pandemia, deu exemplo de construção coletiva de acordo de home office e aplicou protocolos de saúde e defesa da vida, agora, com a insistência no retorno dos colegas do grupo de risco, mostra que está dando uma guinada na direção oposta. Trata-se de um retrocesso e de um aviso de que a pandemia acabou e o Acordo Coletivo de Teletrabalho foi rasgado.
A vida deixou de valer mais do que a economia e o lucro do banco justamente em uma hora em que o retorno deveria ser vetado para alguns e bancos públicos e privados, como o Banco do Brasil e o Bradesco, já avisaram que não vão fazer colegas do grupo de risco voltar ao trabalho presencial agora. O Banrisul deveria continuar dando o exemplo. Mas perde a chance.
Pior para os colegas que estão com medo, temendo pelas suas vidas e de seus parentes que coabitam na mesma casa e têm doenças que os colocam no grupo de alto risco para Covid-19. Até a quinta-feira, 30/9, quando ficou de dar retorno às demandas dos dirigentes sindicais, a diretoria do Banrisul poderia oferecer mais um gesto de respeito à vida. Porque a responsabilidade pela saúde e pela vida dos Banrisulenses agora está nas mãos dos diretores do banco. Toda a responsabilidade.
Qual a proposta do Comando Nacional dos Banrisulenses
> Retorno só de quem está vacinado com a primeira e segunda dose.
> Quem tem que dizer se pode ou não voltar é o médico.
> Ter escala para voltar.
> Cuidado com a manutenção dos aparelhos de ar-condicionado especialmente nas agências velhas e pouco ventiladas como é o caso da Diretoria Geral (DG).
> Promover escala de horários que possam evitar aglomerações, sobretudo na hora do almoço e em horários de saída e entrada.
> Coabitantes (familiares imunossuprimidos) que têm doenças degenerativas e necessitam de cuidados especiais como no tratamento de familiares que fazem hemodiálise e pacientes de câncer, por exemplo.
> Colegas com sequelas, com dificuldade de concentração, perda de memória, perda de sabor de alimentos, queda de cabelo não podem voltar agora. Ainda precisam de cuidados médicos.
> Observância da Portaria 20 do Ministério da Saúde com todas as regras de saúde e utilização de máscaras, álcool em gel
> Percentuais de retorno na rede e na DG e escalonamento.
> Cuidado com o trânsito dentro das agências, especialmente nos horários de entrada e saída, nos horários de almoço.
O que o banco respondeu
Que vai obedecer aos protocolos e que os colegas do grupo de risco podem “levantar a mão” e solicitar a realização de seu exame periódico que comprove fazer parte do grupo de risco.
O banco diz que nada será feito também “sem o olhar do cuidado”. A consultoria do Hospital Moinhos de Vento foi “totalmente técnica” para um retorno seguro e consciente sem colocar ninguém em risco, respeitando exceções.
O banco esclareceu que vai fazer um retorno escalonado e rodízio na DG. Que vai ter cuidado para evitar aglomerações e manter o distanciamento. Os dirigentes ponderaram que, na rede de agências de todo o estado, a IA (Instrução Administrativa) publicada na semana passada, refere que todos têm que voltar, inclusive pessoal do grupo de risco.
O banco apresentou o seguinte cronograma de retorno na DG:
Dia 4/10, retornam executivos e 15% da DG.
Dia 18/10, retorno de 30% do quadro.
1º/11: Entram 30% e os outros 30% saem.
Participaram da reunião os seguintes integrantes do Comando Nacional dos Banrisulenses: Denise Falkenberg Corrêa (Fetrafi-RS), Ana Maria Betim Furquim (Fetrafi-RS), Silvia Chaves (diretora do SindBancários), Cleberson Pacheco Eichholz (presidente do Sintrafi-SC), Sergio Hoff (diretor da Fetrafi-RS), Gerson Kunrath (presidente SEEB Vale do Caí), Ana Maria Silva (SEEB Lajeado), Luis Carlos Barbosa (Fetrafi-RS), Fábio Soares Alves (Fetrafi-RS), Milton Fagundes (assessor jurídico da Fetrafi-RS).
Como representantes da diretoria do banco, estiveram presentes: Marco Aurélio Oliveira (negociador do Banrisul), Gaspar Saikoski (Superintendente de RH), Paulo Henrique Pinto da Silva (assessor jurídico), Raí Mello (assessor jurídico), Douglas Bernhard (assessor jurídico) e Sergio Juchem (advogado do Banrisul).
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