Campanha deverá alertar funcionários e a sociedade sobre riscos da privatização

O 27º Encontro Nacional dos e das Banrisulenses reuniu 215 funcionários do Banrisul no último sábado, 14 de setembro, em Porto Alegre. Entre os encaminhamentos, está a criação de uma ampla campanha de mídia para esclarecer a população sobre os riscos da privatização do Banrisul, com gravação de vídeos e distribuição de publicações, visitas às agências, gabinetes de deputados e deputadas, prefeituras e câmaras municipais de todo o estado para reforçar a defesa do Banco público; e movimentos em conjunto com entidades representativas e trabalhadores da Corsan e Procergs.

A mesa de abertura foi composta pelas diretoras da Fetrafi-RS Ana Maria Betim Furquim e Denise Falkenberg Corrêa e pelo diretor Sergio Hoff. “Temos certeza que, com a nossa união, vamos continuar cada vez mais mobilizados para defender o Banrisul como sempre fizemos”, destacou Ana. Mauro Salles representou a Contraf-RS; Everton Gimenis, presidente do SindBancários Porto Alegre e Região, os sindicatos de todo o estado e Amarildo Cenci, a CUT-RS.

Salles lembrou que não é somente o Banrisul que está na mira da privatização, mas todas as empresas públicas do país, em uma “política de desmonte” do Estado. Também destacou a importância de lutar contra essa política. “Não é apenas uma defesa dos nossos empregos, mas dos bancos públicos, porque sabemos o quanto são importantes para o desenvolvimento do país”.

Entenda o caso

O deputado Sergio Turra (PP) protocolou na terça-feira (10) na Assembleia Legislativa proposta de emenda à Constituição (PEC) que desobriga o governo do Estado a realizar plebiscito antes de privatizar Banrisul, Corsan e Procergs.

João Carlos Heissler, coordenador do Sindibancários, que participou do Encontro Nacional, destacou que é importante e essencial que todos os banrisulenses se envolvam de alguma forma, para reverter o posicionamento dos 24 deputados. “Entre os deputados da nossa região que já se posicionaram a favor da PEC, estão Kelly Moraes e Adolfo Brito. O deputado Sergio Turra, revoga o artigo da constituição estadual, a necessidade de fazer o plebiscito, não apenas  do Banrisul, como também a Corsan e a Procergs. Precisamos estar unidos e lutar contra a venda do Banrisul”, enfatizou o coordenador do Sindibancários.

Conjuntura estadual e nacional

Também participaram do evento os deputados estadual Zé Nunes (PT) e federal Fernanda Melchiona (PSol) e os jornalistas Helder Maldonado e Marco Bezzi, criadores do canal Galãs Feios, do YouTube. Os convidados apresentaram um panorama das conjunturas políticas estadual e nacional.

Coordenador da Frente Parlamentar em Defesa do Banrisul, Zé Nunes relatou as estratégias possíveis para barrar a venda do patrimônio público. Uma delas é cobrar do governo propostas para desenvolvimento do estado. “A única coisa que esse governo tem é o discurso da venda de ativos do estado, não tem um projeto”, ressaltou. Lembrando que a venda das ações do Banco até o momento foram um “péssimo negócio”, pois nem conseguiram saldar as dívidas do estado.

Carta do Encontro

Ao final do Encontro, os Banrisulenses aprovaram uma carta, que será entregue ao governo estadual, ao Banrisul e amplamente divulgada à sociedade. Segue abaixo.

Carta do 27º Encontro Nacional dos Banrisulenses

O Banrisul vem sofrendo diversos ataques ao longo do tempo. Resistiu à sede de privatizações do período Britto/FHC na década de 90, mas em 2007, no governo Yeda Crusius, o governo, juntamente com a sua maioria na Assembleia Legislativa, patrocinou a venda de 43% das ações preferenciais do Banco. Iniciou, então, uma prática de venda fatiada de ações do Banrisul, que foi realizada no governo Sartori, e agora, mais uma vez, é anunciada pelo governador Eduardo Leite.

Esta é a venda de mais uma parte expressiva de ações do Banrisul por parte do governo do Estado, e também fomos surpreendidos pela notícia de que foi protocolada uma PEC na Assembleia Legislativa do RS de iniciativa do deputado Sergio Turra, do PP, e da base aliada do Governo, para retirada da exigência de plebiscito popular para venda ou federalização do Banrisul. Soma-se a isso, a contratação de um empresário de perfil privatista para presidência do Banco e esta combinação resulta em um dos piores ataques na história a este patrimônio do povo gaúcho.

O Banrisul é lucrativo. No ano de 2018 seu Lucro Líquido foi de R$ 1.098 bilhão. Parte deste resultado foi para o Tesouro do Estado e reverteu em políticas públicas. Além disso, o Banrisul bancariza a maior parte da população gaúcha, tem as tarifas mais baixas e é responsável pela maior parte do crédito bancário as comunidades do Estado, além de estar presente em quase todos os municípios e em 103 deles é a única agência bancária presente.

A população gaúcha só tem a perder com a venda do Banrisul. O Estado já teve grande parte do seu patrimônio vendido/entregue e não resolveu as finanças, piorou. A adesão ao regime de recuperação fiscal e das folhas de pagamento do funcionalismo em atraso são apenas pretextos para a venda de estatais e a implementação de um estado mínimo, em que a desigualdade entre ricos e pobres aumentará cada vez mais.

Portanto, a privatização do Banrisul vai representar demissões, fechamento de agências, principalmente no interior do estado, dificultando a vida de clientes e usuários.

Por essas razões, o 27º Encontro Nacional dos Banrisulenses reafirma a importância da manutenção do Banrisul como banco público e instrumento de desenvolvimento do Estado. O Banco é um símbolo para o Rio Grande do Sul e não podemos permitir que ele seja entregue ao grande capital que visa apenas o lucro e não prioriza desenvolvimento social e econômico do estado.

Banrisul sempre público!
Em defesa do Banrisul!
Em defesa dos bancos públicos!
Em defesa do patrimônio público!

Porto Alegre 14 de setembro de 2019.

 

Fonte: Fetrafi-RS com edição do Sindibancários

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