A reunião da terça-feira, 9 de fevereiro, entre a Comissão de Negociação do Comando Nacional dos Banrisulenses e representantes da diretoria do Banrisul teve uma pauta extensa e uma certeza. Diante dos últimos movimentos da diretoria e o contexto de crise fiscal do Estado do Rio Grande do Sul, o nível de alerta para a defesa do Banrisul público mudou de cor: o sinal amarelo se acendeu.

Os representantes do Banco confirmaram o início de uma nova reestruturação com fechamento de sete agências. Ainda não há definições sobre quais agências serão fechadas ou, no termo usado por eles, “fusionadas”.

Outra questão disse respeito diretamente à redução da RV3. As metas aumentaram e o pagamento será menor para boa parte dos colegas Operadores de Negócio (ONs) dentro de um contexto de crise agravado pela pandemia de Covid-19.

E tem mais. O Banco trata as demissões e descomissionamentos nas últimas semanas de forma subjetiva e bloqueia os Banrisulenses de descontar em folha de pagamento, ganhando mais tempo e reduzindo o pagamento de juros e taxas do cartão de crédito, medicamentos e produtos de higiene e uso pessoal em farmácias conveniadas com o Profarm, que deixou de ser administrado pela Cabergs.

Anda tem a reclamação sobre atraso na entrega dos cartões, motivo de protestos em redes sociais e de reclamações públicas de clientes. A imagem do Banco fica arranhada, o que facilita o discurso de que privatizar é o melhor caminho.

Todas essas questões, somadas a um governador do estado, Eduardo Leite, pronto para encaixar um discurso de crise capaz de jogar o Banrisul na berlinda de uma privatização às pressas, como ocorreu com a CEEE, levaram os dirigentes sindicais da Fetrafi-RS, do SindBancários e de Sindicatos do Interior a cobrar da diretoria maior transparência na comunicação de reestruturações, clareza nos processos para descomissionamentos e demissões e demonstrar ao Banco que essas práticas repercutem diretamente no atendimento dos clientes, agravado pela pandemia, e na imagem do Banrisul público.

De fato, faltou comunicação do Banco com os dirigentes a respeito de uma nova reestruturação. “O momento é muito complicado para mudanças e cortes. Estamos em meio a uma pandemia e enseja uma preocupação e demanda com médico e medicamentos. O Profarm é um programa largamente utilizado pelos(as) Banrisulenses ativos, aposentados e familiares. A condição de desconto em folha oferecia mais prazo que o cartão de crédito. Nossa proposta é que, no mínimo, se mantenha o programa para aquisição de medicamentos”, explicou a diretora de Saúde do(a) Trabalhador(a) da Fetrafi-RS, Denise Falkenberg Corrêa.

Fake News nas demissões e descomissionamentos

Circulou pela rádio corredor do Banrisul uma informação de que centenas de colegas estariam sendo demitidos. Os dirigentes sindicais alertam para esse tipo de fake news que deixa as pessoas apreensivas.

Na verdade, os 38 Sindicatos do estado sabem que o número é fantasioso. Isso porque, na Campanha Salarial 2020, os Banrisulenses conquistaram o direito de as homologações de demissões no Banrisul serem feitas nos Sindicatos. Por isso há um controle do número pelos representantes dos Banrisulenses.

Aqui vai uma dica: procure informações com o seu Sindicato. As entidades estão monitorando cada caso de demissão e questionando a diretoria sobre as peculiaridades de cada punição, como ocorreu na reunião da terça-feira.

Covid-19

Os dirigentes mencionaram a preocupação com um novo surto de Covid-19, causado por uma possível nova cepa de coronavírus, e a demora para a vacinação. Pediram maior cuidado.
O Banco respondeu que está recontratando a consultoria do Hospital Moinhos de Vento, mantendo a telemedicina e contratou mais um médico. O Banrisul reconhece que há alguns meses a sua taxa de contaminação estava mais alta que a do estado. E que agora reduziu.

Houve cobrança forte, segundo os representantes da diretoria, à manutenção rígida de protocolos sanitários pelos gestores. O fechamento de agências continua em caso de detecção de colegas adoecidos por Covid-19, assim como os protocolos de sanitização.

Questão das metas

A redução da RV3 para os ONs tem causado muito aborrecimento entre os colegas dessa função. Os colegas já estão enfrentando um contexto de crise com menor circulação de pessoas e de dinheiro no mercado. E tem ainda a questão do trabalho presencial que coloca em risco a saúde dos colegas e de familiares. E o que o Banco fez? Aumentou a meta.

“O Banco afastou demais o objetivo. A meta é calculada e pensada. Uma coisa é uma meta factível. Vai estimular o funcionário a atingir? Não é nossa função negociar meta, mas é motivo de preocupação dos nossos colegas”, avaliou o diretor da Fetrafi-RS Sergio Hoff.

Para o presidente do Sintrafi-SC (Sindicato de Florianópolis e Região), Cleberson Pacheco Eichholz, o Banco sem nenhum fato novo relevante no cenário econômico modificou critérios e ampliou as metas tornando o alcance dos resultados algo inexequível. “Podemos até entender que o Banco queira melhorar o rendimento. Mas com as alterações implementadas acaba desestimulando seus funcionários. Não observamos nenhum movimento no cenário econômico do país tampouco do estado que justifique mudanças tão drásticas. Isso só irá desmotivar e adoecer os colegas”, criticou Cleberson.

Profarm

A proposta dos dirigentes é que o Banco reveja o corte e que libere a compra com desconto em folha de medicamentos com receita médica. A Fetrafi-RS enviou para os representantes do Banco essa proposta que deverá ter resposta em uma próxima reunião.

Debate complicado

O diretor da Fetrafi-RS Fabio Alves, pontuou questões sobre as RV3, os critérios de demissões e fez um histórico da administração da Cabergs na questão do Profarm. O dirigente disse que há uma maior severidade por parte da diretoria, que é quem decide sobre punições, do que por parte do Comitê de Recursos Humanos, que remete o parecer para a diretoria. O dirigente comparou essa subjetividade à avaliação do VAR no futebol.

“Estão complicando o debate. O esforço do pessoal nessa crise não está sendo levado em consideração para atingir as metas. É importante dialogar melhor. Vai criar instabilidade nas agências. Não sei se é o melhor caminho para adotar com tudo isso que está acontecendo”, resumiu.

Também participaram da reunião como representantes dos Banrisulenses a diretora do SEEB Lajeado, Ana Maria Silva, o diretor do SEBB Vale do Caí, Gerson Kunrath, e o assessor jurídico da Fetrafi-RS, Milton Fagundes.

Como representantes da diretoria do Banrisul, participaram o negociador Fernando Perez, o superintendente de RH, Gaspar Saikoski, e os assessores jurídicos Raí Mello e Douglas Bernhard.

Fonte: Imprensa SindBancários, com edição da Fetrafi-RS

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