Eduardo Leite, alto empresariado e especuladores querem vender o banco, a Corsan e a Procergs, entre outras estatais, para fazer caixa às custas do bem estar público

Uma das características marcantes dos governos neoliberais – seja em países, estados ou municípios – é enfraquecer, reduzir investimentos, despedir funcionários, tornar deficitárias e terminar vendendo empresas estatais a preço de banana estragada. A bola da vez no Rio Grande do Sul, mais uma vez, é o Banrisul, apesar de seu papel de dinamizador da economia estadual e de render dividendos ao próprio governo. Além do banco, seguem na carteira de estatais a serem entregues à iniciativa privada a Procergs e até a Corsan – responsável pela água tratada e os esgotos de grande parte dos municípios. Mesmo sendo empresas lucrativas.

Programa neoliberal

“A venda indiscriminada de estatais, especialmente as mais rentáveis e que têm um mercado cativo, é programática para os governos neoliberais”, reafirma o ex-governador petista Tarso Genro. A entrega destas empresas públicas bem sucedidas e positivas para o desenvolvimento do estado, explica ele, integra um projeto de dominação que parece complexo, mas na verdade é bem simples: trata-se de transferir um rendimento que tinha caráter social, que era gerido e aplicado pelo Estado, para a “iniciativa privada”. Sem muito esforço, deste modo o mercado passa a oligopolizar vastos setores da produção e dos serviços mais importantes de caráter público.

Microcrédito

Tarso foi um dos petistas a governarem o RS, de 2011 a 2015. Olívio Dutra foi o outro, entre 1999 e 2003. Sobre suas principais iniciativas articuladas através do Banrisul, Genro destaca o sistema de microcrédito (o maior instituído por um estado brasileiro) e o Plano Safra Estadual.

O ex-governador, que é advogado trabalhista e atuou durante anos na defesa de direitos dos associados do SindBancários, observa que as anunciadas intenções de venda da Corsan, Procergs e Banrisul (além da entrega da CEEE-D por míseros R$ 100 mil a uma operadora nordestina) são destrutivas das funções públicas do estado.

Manuela

Jornalista, ex-vereadora em Porto Alegre, ex-deputada estadual e por duas vezes deputada federal pelo PCdoB, Manuela d’Ávila (na foto com o ex-governador Olívio Dutra) afirma que a importância do Banrisul para o estado é simplesmente indiscutível. O banco está presente em quase 350 municípios gaúchos, representando 98,5% do território gaúcho. “´É banco sólido e lucrativo E tem um papel importante no fomento do desenvolvimento da agricultura, sobretudo da familiar, e das pequenas e médias empresas”, informa.

Ela recorda que em 2017, quando cumpria o mandato de deputada estadual, “a possibilidade de privatização do banco já era uma preocupação, e terminei participando de uma Frente Parlamentar em Defesa do Banrisul Público”.

Manuela, assim, vê com preocupação o plano do governo estadual de Eduardo Leite para acabar com o máquinário público. “Ele vendeu a CEE-D e agora se aproxima da Procergs, Corsan e Banrisul”, reafirma.

Operacionalização de políticas

Em sua avaliação, na qualidade de empresa estatal o banco é uma ferramenta próxima da administração estadual, o que torna possível a operacionalização de políticas públicas que impactam positivamente a vida de milhares de gaúchos, ao ofertar, por exemplo, linhas de microcrédito e dinamizar o comércio. A candidata a Prefeitura de Porto Alegre nas últimas eleições municipais, arremata: “O governo precisa enfrentar os verdadeiros problemas do estado, e não ficar vendendo patrimônio público para custear o dia a dia”, conclui.

 

Fonte: Sindbancários/POA

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